A renuncia de Rafa à seleção portuguesa de futebol caiu que nem uma bomba e feriu a sensibilidade dos ‘acólitos’ de Fernando Santos.
O médio de 29 anos e que em 25 internacionalizações jogou 784 minutos, em 2250 possíveis, foi chamado por Fernando Santos para o duplo compromisso da Liga das Nações só que, 4 dias depois, anunciou em comunicado a sua intenção de abdicar.
Não sei, em bom rigor, quais as verdadeiras razões que terão levado Rafa a abdicar da seleção, mas sei e acredito que os atletas são Seres Humanos e que, assim sendo, são livres de tomar as decisões que consideram as mais acertadas para a sua carreira, para a sua vida e ninguém tem nada a ver com isso.
De imediato surgiram várias opiniões, umas de apoio e outras de repúdio. De um lado estão os que aplaudem a decisão de Rafa, quase todos eles benfiquistas que não morrem de amores pelo selecionador nacional. Defendem mesmo que João Mário e, muito provavelmente agora Gonçalo Ramos, deveriam seguir o exemplo do seu colega de equipa e abandonar a seleção que, defendem muitos e não apenas os benfiquistas, é a seleção do empresário Jorge Mendes e dos jogadores ‘fetiche’ do engenheiro.
Do outro estão os românticos, aqueles que ainda acreditam que a seleção é a ‘equipa de todos nós’. Aqueles que defendem que o topo da carreira de um futebolista é quando representam o seu país e que Rafa foi incorreto ao abdicar de um privilégio intocável.
Não sei, em bom rigor, quais as verdadeiras razões que terão levado Rafa a abdicar da seleção, mas sei e acredito que os atletas são Seres Humanos e que, assim sendo, são livres de tomar as decisões que consideram as mais acertadas para a sua carreira, para a sua vida e ninguém tem nada a ver com isso.
De resto, confesso que não entendo as ‘virgens ofendidas’ que agora, muito piamente, batem com a mão no peito sentindo-se traídos com a decisão de Rafa. Não vi nenhum deles a insurgir-se contra o facto de Rafa apenas ter jogado 1 minuto no Euro 2016. Não vi nenhum deles questionar o selecionador sobre a sua opção de deixar Rafa sentado no banco jogos a fio, vendo outros, nem sempre titulares nos seus clubes, a serem utilizados.
Mas isso, dirão os defensores da ‘moral e dos bons costumes’ e com razão, é uma prerrogativa de Fernando Santos, ele convoca quem quer, acredito eu, escolhe os titulares que quer, continuo eu a acreditar, e faz as substituições que bem entende, e isto sou eu a continuar a acreditar.
Fernando Santos, ou outro qualquer selecionador é pago para tomar decisões e ninguém tem nada a ver com isso.
Nada tenho contra aqueles que pensam que é Deus no Céu e Fernando Santos na Terra, pouco importa que tenha tido ao seu dispor a melhor geração de sempre do futebol português, isso não interessa nada porque teremos que estar eternamente gratos a Fernando Santos pelo futebol, genial, que esse grupo de eleitos pratica com as quinas ao peito.
O técnico foi livre de deixar Anthony Lopes, considerado o melhor guarda-redes da Ligue 1 e que também deixou de vir à seleção, anos e anos no banco e depois, na primeira oportunidade que teve, dar chances a Beto, José Sá e agora a Diogo Costa, que até considero o melhor guarda-redes português, logo a seguir a Anthony Lopes.
Fernando Santos é também livre de chamar Gonçalo Ramos para o lugar de Rafa, apesar de não jogarem na mesma posição, e deixar Pote de fora.
Fernando Santos é dono e senhor da decisão de convocar Pepe que, aos 39 anos e sem estar a jogar no Porto, continua a ser um dos dois jogadores a quem o selecionador reconhece o estatuto de indiscutíveis. Acabou por sair da convocatória por ‘questões físicas’ conhecidas de todos, mas que ainda assim não foram impeditivas de ver o seu nome na lista inicial de convocados para estes dois jogos, um direito absoluto de selecionador nacional. Nota: Pepe foi, para mim, o melhor central de sempre que já jogou na seleção.
Como também tem o direito de deixar de fora Gonçalo Inácio, David Carmo ou até mesmo o jovem António Silva e adaptar Danilo a central. Tem todo o direito de o fazer, é o selecionador que ganhou o Euro 2016, que ganhou a primeira edição da Liga das Nações e que quer ser campeão mundial, sempre com Nossa Senhora de Fátima no comando.
Aplaudo, de pé, a decisão de Rafa até porque, contrariamente a outros, nunca liguei grande coisa à seleção. Enquanto adepto, nunca vi ao vivo um jogo da seleção e em trabalho, só mesmo quando tem que ser.
Nada tenho contra aqueles que pensam que é Deus no Céu e Fernando Santos na Terra, pouco importa que tenha tido ao seu dispor a melhor geração de sempre do futebol português, isso não interessa nada porque teremos que estar eternamente gratos a Fernando Santos pelo futebol, genial, que esse grupo de eleitos pratica com as quinas ao peito.
Fernando Santos tem todo o direito de tomar as decisões que entender, mas o Rafa não pode abdicar da seleção. Fernando Santos pode chamar quem quiser mas nós não podemos questionar as suas opções sob o risco de sermos apontados a dedo e considerados ingratos. Tão ingratos como o está ,a ser Rafa que deveria estar grato por ser a terceira ou quarta escolha, mas ter garantido um lugarzinho no banco de onde tem o privilégio de ver os seus colegas jogar.
É certo que, para Fernando Santos, tirando Pepe e Cristiano Ronaldo, mais ninguém tem lugar cativo no 11 inicial e Rafa não pode estar zangado com isso, mas que ele não foi, não é e nunca seria um dos eleitos de treinador, isso ninguém pode negar. De resto, esta é a opinião da maioria dos ‘paineleiros’ profissionais: “Rafa tinha que ser humilde e limitar-se a aceitar o facto dos outros serem melhores que ele”, só que ficaram muito ofendidos com a decisão do jogador.
Pessoalmente acho que Rafa poderia ter tido mais oportunidades do que aquelas que não teve, e que tempos houve em que estava claramente em melhor forma do que a de outros que, estando no coração do treinador e da imprensa, jogavam sempre.
Aplaudo, de pé, a decisão de Rafa até porque, contrariamente a outros, nunca liguei grande coisa à seleção. Enquanto adepto, nunca vi ao vivo um jogo da seleção e em trabalho só mesmo quando tem que ser. E vou um pouco mais longe: com a qualidade dos futebolistas que Portugal tem, deveria jogar muito mais do que aquilo que joga mas, reconheço, Fernando Santos tem todo o direito de escolher o sistema de jogo que bem entende, e nem me atrevo a colocar em causa a ‘pobreza franciscana’ que por vezes são as exibições da seleção. Mas isso sou eu que não quero correr o risco de ser excomungado pelos fiéis acólitos do treinador nacional.
Não sou de adorar ‘vacas sagradas’ mas também não sou ingrato. Faça-se uma estátua a Fernando Santos, porque merece e, sem ponta de ironia, deu ao futebol português aquilo que nunca tinha tido, mas Winston Churchill também derrotou a Alemanha nazi e perdeu as eleições que se realizaram em Inglaterra, logo a seguir à II Guerra Mundial.
